Ir para o conteúdo

Violência política: parlamentares do Partido Verde de MG têm sido alvo de ataques e ameaças de extremistas

É triste, mas continua sendo realidade a perseguição política, os ataques à manifestação de ideias e posicionamentos, e as ameaças (até mesmo de morte) no ambiente político envolvendo parlamentares do Partido Verde de Minas Gerais. A vereadora e deputada eleita Lohanna França, de Divinópolis; a vereadora Damires Rinarlly, de Conselheiro Lafaiete; e o vereador Luciano Solar, de Alfenas têm sido alvos constantes de ataques por parte de extremistas por se posicionarem em defesa de bandeiras diretamente ligadas ao Partido ou de manifestarem seu posicionamento político em seus canais de comunicação.

O caso mais recente aconteceu nesta terça-feira, 13, em que a vereadora e deputada eleita Lohanna França (PV-MG), durante seu pronunciamento na Câmara Municipal, expôs que foi novamente ameaçada nas redes sociais. Em uma postagem no Facebook, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro usaram termos como “vagabunda” e “biscate”, além de afirmarem que a deputada merecia apanhar.

Com o plenário da Câmara cheio de bolsonaristas e aos gritos de “comunista”, a vereadora mostrou prints dos ataques e afirmou que iria à delegacia após o pronunciamento, para registrar boletim de ocorrência contra as agressões sofridas na internet, além das ocorridas de forma presencial no plenário.

Lohanna disse aos presentes, que a eleição já acabou. “A mulher que vocês chamaram de biscate sem moral teve 67 mil votos e vai representar todos os mineiros, gostem ou não. O fim do processo eleitoral foi decretado ontem com a diplomação do presidente Lula. A insatisfação faz parte do processo democrático, e quem não está satisfeito vai para a oposição e tente frear os planos do governo. É assim que funciona na democracia”.

Na tarde da última segunda-feira, 12, foi o professor e vereador Luciano Solar (PV-MG) quem publicou em suas redes sociais os ataques sofridos durante seu pronunciamento na Câmara Municipal de Alfenas ao parabenizar a diplomação do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. O vereador, durante as eleições, também foi alvo de ameaças por meio de mensagens privadas por ser posicionar contra o atual governo.


 

“Fui atacado por um grupo de bolsonaristas violentos apenas por parabenizar a diplomação do presidente Lula. Além disso, tentaram agredir um profissional da imprensa por estar gravando. Sou democrata e em 2018 reconheci o presidente eleito e não agredi ninguém. Fascistas têm que ser punidos, nosso país precisa de paz”, escreveu Solar.

Ameaça de morte

Em Conselheiro Lafaiete, quem tem sofrido com ataques e ameaças é a vereadora Damires Rinarlly (PV-MG). Em outubro, a justiça condenou a quatro meses e 20 dias de detenção o caminhoneiro Wesley Zeferino de Castro, que se intitula ‘Wesley Bolsonaro’, acusado pelo crime de ameaça de morte à advogada e parlamentar.

Em julho de 2021, Wesley encaminhou mensagens contra a vida da parlamentar em grupos de Whatsapp de Conselheiro Lafaiete (MG). Em duas delas, o criminoso publicou um vídeo de uma mulher assinada de forma violenta e enviou um áudio com os dizeres “aí Thais o quê que a Damires tá precisando óia nesse vídeo essa mulher morta. Ela tá precisando é disso aí ó”.


 

Na sentença, assinada pelo juiz José Leão Santiago Campos, ficou suspensa a execução da pena privativa de liberdade, sendo imposto a proibição de Wesley Zeferino publicar mensagens em grupos de relacionamento fazendo referência à advogada e vereadora; foi determinado o comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades; assim como também foi proibido o acesso ou frequência aos mesmos lugares e horários da vereadora, devendo o acusado permanecer a, pelo menos, 100 (cem) metros de distância.

Para Damires Rinarlly, a vitória não é só dela, mas de todas as mulheres que sofrem violência no país. “Sempre acreditei na justiça e sempre farei justiça. Minha voz não se cala. Represento muitas mulheres e continuarei ecoando a voz de todas”, disse.

A vereadora relembra que foram dias difíceis diante da gravidade do assunto e exposição gerada. “Viver, sob ameaça, é como andar em um caminho em plena escuridão. Me privei da minha liberdade juntamente com minha família, tive de fazer terapia, não tinha mais paz para viver e realizar minhas atividades, meu mandato parlamentar. Mas recebi muito apoio de familiares, de amigos e de pessoas solidárias à causa, que me fortaleceram para ir adiante na luta”, conta.

Repúdio

O presidente do PV-MG Osvander Valadão tem acompanhado de perto os casos e falou sobre a gravidade das ocorrências. “Nós, do Partido Verde, nos preocupamos com os relatos porque são demonstrações claras de violência e de desrespeito à democracia. Não apenas por serem parlamentares do nosso Partido, mas por serem cidadãos e cidadãs que passam a viver incertos de sua segurança, do seu direito de ir e vir, de realizarem seu ofício como profissionais e como representantes do povo. Repudiamos toda e qualquer manifestação de ódio, de violência política, porque não condiz com nossos valores”, afirmou.

De acordo com Valadão, o departamento jurídico foi acionado para auxiliar os parlamentares em quaisquer encaminhamentos necessários. “Estamos em contato constante com os vereadores envolvidos nas ocorrências, deixando também nosso jurídico à disposição para auxiliar nas ocorrências. O Partido Verde preza sempre pela cultura de paz, pelo respeito às opiniões divergentes, mas respeitando as pessoas acima de tudo. Essa onda de violência, perseguições e ameaças precisa acabar e a punição precisa chegar aos que fazem por merecê-la”, finalizou.